Ken Robinson faz
algumas observações muito interessantes sobre o currículo da educação
escolarizada da sociedade atual que segundo ele apresenta a mesma estrutura
valorativa nas áreas do conhecimento em vários países do mundo. Essa estrutura
seria a língua e a matemática no topo, os conhecimentos sociais e científicos
no meio e as artes no fim. Tal disposição evidencia a supervalorização de uma
área de conhecimento em detrimento de outras. É evidente que o conhecimento
deve ser pragmático, funcional e alongar-se no futuro.
A
estrutura curricular que supervaloriza a língua e a matemática em detrimento
das artes fundamenta-se na preocupação da educação escolarizada em formar o ser
humano apenas para aplicação do seu potencial produtivo, é na verdade uma
aposta na racionalidade como única forma de conhecer e interagir co o mundo
.Pedagogicamente, é uma aposta que seleciona, por meio dos desempenhos dos
alunos em cada uma delas, quem é inteligente, quem é mais capaz. Essa aposta mantém
a perenidade da estrutura curricular praticamente desde o início do século XX e
compromete o sucesso escolar e social
daquelas pessoas que tem maior domínio sobre outras formas de inteligências (
anestésica, interpessoal, artística, etc ).
A preocupação em garantir uma proposta
pedagógica que se alonga na apropriação do futuro não se justifica, argumenta
Robinson. A excessiva valorização da inteligência enquanto habilidade
cognitivas pautadas pela racionalidade lógica e científica pode ser questionada
pela própria incerteza que é o futuro e pela provisoriedade dos conhecimentos científicos. O percurso da evolução histórica e do desenvolvimento
científico- tecnológico demonstra que não há verdades absolutas. A verdade é
recriada a cada dia para adaptar-se às demandas de cada novo conhecimento.
As
consequências dessa supervalorização da língua, da matemática, da ciência e da
racionalidade pelo currículo escolar é que o potencial de criatividade do ser
humano não é desenvolvido, e de acordo com Ken Robinson “a criatividade é tão importante
quanto à alfabetização”. É o potencial de criatividade que permite ao ser
humano inovar e renovar as estruturas do seu real. A inteligência humana é dinâmica
e interativa, isso permite, por exemplo, que uma dona de casa faça o almoço,
preste atenção aos filhos, fale ao telefone, ao mesmo tempo. Centrado apenas na
apropriação da língua e da matemática os currículos atuais matam a criatividade
e comprometem o potencial de várias pessoas que dominam outros tipos de inteligência.
Cria apenas pessoas que tem medo de errar e por isso não se desenvolvem da
forma como poderiam.
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