quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Educação Escolarizada e a Criatividade Humana



Ken Robinson faz algumas observações muito interessantes sobre o currículo da educação escolarizada da sociedade atual que segundo ele apresenta a mesma estrutura valorativa nas áreas do conhecimento em vários países do mundo. Essa estrutura seria a língua e a matemática no topo, os conhecimentos sociais e científicos no meio e as artes no fim. Tal disposição evidencia a supervalorização de uma área de conhecimento em detrimento de outras. É evidente que o conhecimento deve ser pragmático, funcional e alongar-se no futuro.
            A estrutura curricular que supervaloriza a língua e a matemática em detrimento das artes fundamenta-se na preocupação da educação escolarizada em formar o ser humano apenas para aplicação do seu potencial produtivo, é na verdade uma aposta na racionalidade como única forma de conhecer e interagir co o mundo .Pedagogicamente, é uma aposta que seleciona, por meio dos desempenhos dos alunos em cada uma delas, quem é inteligente, quem é mais capaz. Essa aposta mantém a perenidade da estrutura curricular praticamente desde o início do século XX e compromete  o sucesso escolar e social daquelas pessoas que tem maior domínio sobre outras formas de inteligências ( anestésica, interpessoal, artística, etc ).
             A preocupação em garantir uma proposta pedagógica que se alonga na apropriação do futuro não se justifica, argumenta Robinson. A excessiva valorização da inteligência enquanto habilidade cognitivas pautadas pela racionalidade lógica e científica pode ser questionada pela própria incerteza que é o futuro e pela provisoriedade  dos conhecimentos  científicos. O percurso  da evolução histórica e do desenvolvimento científico- tecnológico demonstra que não há verdades absolutas. A verdade é recriada a cada dia para adaptar-se às demandas de cada novo conhecimento.
            As consequências dessa supervalorização da língua, da matemática, da ciência e da racionalidade pelo currículo escolar é que o potencial de criatividade do ser humano não é desenvolvido, e de acordo com Ken Robinson “a criatividade é tão importante quanto à alfabetização”. É o potencial de criatividade que permite ao ser humano inovar e renovar as estruturas do seu real. A inteligência humana é dinâmica e interativa, isso permite, por exemplo, que uma dona de casa faça o almoço, preste atenção aos filhos, fale ao telefone, ao mesmo tempo. Centrado apenas na apropriação da língua e da matemática os currículos atuais matam a criatividade e comprometem o potencial de várias pessoas que dominam outros tipos de inteligência. Cria apenas pessoas que tem medo de errar e por isso não se desenvolvem da forma como poderiam.

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