UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá
Pós-Graduação em Ensino de Ciências – Mestrado Profissional
Disciplina: Tendências Contemporâneas de Currículo
Professora: Rita de Cássia M. T. Stano
Aluno: Paulo Márcio Secundo dos Santos Itajubá, 09 março de 2012.
RESENHA
Currículo: entre a poesia e o conceito
As definições mais tradicionais de currículo fazem emergir um processo contínuo sistematizado e intencional de ensino e de aprendizagem que caracteriza a proposta pedagógica da educação escolarizada. Uma proposta que acredita e tenta implementar o controle total sobre a aprendizagem dos alunos.
Uma proposta curricular (seleção de conteúdos, organização de métodos e técnicas, definição de objetivos) que procura implementar no cotidiano pedagógico a apropriação de conhecimentos e de comportamentos adequados a um dado contexto sócio-histórico.
A quarta definição de currículo proposta por Forquin como “um percurso educacional, um conjunto contínuo de situações de aprendizagem (learning experiences)” atesta o caráter intencional da proposta de educação escolarizada e demonstra nessa intencionalidade o papel da educação como na conservação, transmissão, distribuição e legitimação de conhecimentos que dêem sustentação a uma determinada ordem social.
Apesar desse caráter controlador e repressor, a proposta curricular e a proposta pedagógica que o objetiva muitas vezes é surpreendida e questionada pela subjetividade que marca cada ser humano. Cada aluno enquanto sujeito histórico e social coletivo e enquanto pessoa marcada por idiossincrasias e subjetividade individual, mesmo quando submetida a um currículo e a uma proposta pedagógica controladora, surpreende o sistema, pois traz em si “ pedaços de tudo o que vi” , segue estradas “ que há muito parti”.
Assim podemos dizer que se a intenção do currículo e da proposta pedagógica oficial é formar, moldal um determinado comportamento, uma dada forma de apropriação do conhecimento, uma certa atitude ético-valorativa, a fim de contribuir para a manutenção de um modelo de organização sócio-política, isso nem sempre é conseguido de forma plena.
Primeiro porque a apropriação do conhecimento não é feito apenas pelo sujeito coletivo, também é feito pela subjetividade da pessoa. Segundo, o próprio conceito de currículo, suas intencionalidades, sua seleção de conteúdos, métodos, técnicas e instrumentos avaliativos são engendrados nas embates sócio-políticos de um contexto histórico.
Nesse contexto histórico convivem conflitos de interesses dos diversos grupos sociais que o compõe. O conflito de interesses influencia, redireciona, força reformas na proposta curricular. Inicialmente essas reformas espantam, posteriormente podem ser neutralizadas ou até mesmo ganhar força e se imporem. Cada proposta curricular planta sementes de conhecimento propõe um currículo explícito e um oculto.
Por tudo isso alteram-se tanto o conceito de currículo quanto as propostas pedagógicas que o implementam. Apesar de que o currículo sempre expressa os interesses dos traços dominantes do sistema, as reformas que o perseguem comprovam que ele sempre é forçado a se transformar. Nessa transformação há tanto o esforço para preservar os traços dominantes do poder quanto a emergência de questionamentos desses traços. Pelo menos foi isso o que vimos com Alves e Lopes quando foi demonstrado desde a definição de currículo como conjunto de disciplinas até a incorporação das noções de currículo como construção discursiva histórico-social e híbrida.
learning experiences = experiências de aprendizagens
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